Capa - Desenvolvimento Sustentável

Desenvolvimento sustentável e o elo com as Engenharias
Futuro das cidades passa pela adoção de alternativas verdes já no planejamento

Boletim Informativo AAEAA/ CREA
Dezembro de 2022

Em tempos de governança ambiental, social e corporativa ou ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Corporate Governance), a sustentabilidade tem sido praticamente obrigatória às tomadas de decisão dos setores público e privado. É em meio a este ambiente de urgência por soluções para os principais desafios da sociedade, como as emergências climáticas, o crescimento populacional e a alta demanda alimentar, e motivado pelo espírito de inovação para geração de valor com menor impacto global que nasce também o conceito de cidades inteligentes. A junção entre os pilares da sustentabilidade e do desenvolvimento recai especialmente sobre uma área profissional: a tecnológica, envolvendo a participação de engenheiros, agrônomos, geocientistas e tecnólogos no chamado desenvolvimento sustentável. Isso porque, de acordo com a Eng. Agr. Waleska Del Pietro, coordenadora da Comissão de Meio Ambiente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), não existe cidade inteligente que não seja sustentável. “Quando se fala em cidades inteligentes, as pessoas ainda têm a percepção de que se trata de cidades do futuro, onde tudo é digitalizado. Mas, no Brasil, antes de ter a conectividade como ponto de partida, é preciso olhar para os muitos problemas que existem, como as questões de infraestrutura, habitação e transportes, por exemplo, que só as cidades inteligentes e planejadas a partir da visão técnica dos profissionais da área tecnológica podem resolver”, afirma a especialista. Para isso, ela defende que o desenvolvimento sustentável deve ser baseado em três aspectos principais: econômico, social e ambiental. “Isso tanto nos órgãos públicos quanto no setor privado, passando também pelo campo, que é o complemento da cidade”, argumenta. O desafio de tornar os espaços urbanos e rurais eficientes nessas frentes requer planejamento, políticas públicas e a troca das práticas convencionais por alternativas verdes capazes de atender à sociedade como um todo. Matrizes de energia renovável, melhoria no transporte público, veículos elétricos, implantação de sistemas de saneamento 100% para as 35 milhões de pessoas que ainda vivem sem água tratada no País e às 100 milhões que não têm acesso à coleta de esgoto, segundo dados da 14ª edição do Ranking do Saneamento, do Instituto Trata Brasil, são algumas das práticas positivas. Em se tratando de São Paulo, uma iniciativa que auxilia a implementação de tais ações de desenvolvimento sustentável é o Programa Município VerdeAzul (PMVA), lançado em 2007 pelo governo estadual com o objetivo de apoiar as cidades paulistas. O PMVA descentralizou a gestão ambiental e criou um ranking que pontua os melhores desempenhos. O município tem 10 diretivas envolvendo todas as questões de sustentabilidade para estar no programa. São elas: município sustentável, estrutura e educação ambiental, conselho ambiental, biodiversidade, gestão das águas, qualidade do ar, uso do solo, arborização urbana, esgoto tratado e resíduos sólidos. “O estado capacita os líderes das cidades para que eles consigam auxiliar no desenvolvimento.

Eu fui interlocutora do Programa no meu município, em São Pedro, e conseguimos elevar a nota da cidade de 5 para 65 em dois anos”, conta a engenheira. “E é fundamental ter cada vez mais, profissionais técnicos das Engenharias,

Agronomia e Geociências participando para tornar o planejamento efetivo. Isso faz parte da transformação das cidades para versões mais inteligentes e sustentáveis. Sem isso não é possível metrificar as ações para que se tornem realidade”, complementa.

O Crea-SP e as entidades de classe atuam com o mesmo propósito, buscando oferecer as ferramentas para que esses profissionais sigam se aprimorando.

As plataformas do Conselho do Crea-SP Capacita (www.creasp.org.br/capacita) e do CreaLab (www.creasp.org.br/crealab) são duas frentes de constante produção de conhecimento da área tecnológica. Nas associações, cursos, palestras e workshops são opções para quem procura uma qualificação específica em outros formatos.

Araraquara é uma cidade sempre bem classificada no IDH do Estado de São Paulo.

No entanto, há muito por fazer para melhorar sua sustentabilidade. O futuro das cidades deve passar, necessariamente, pela adoção de alternativas verdes muito antes, já na fase de planejamento.

Por exemplo, temos casos de sucesso na questão da sustentabilidade. É o caso da central de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos, referência de sucesso em nível mundial. Mas há também casos que necessitam de cuidados e necessariamente da contribuição urgente dos tecnólogos. No ambiente rural de Araraquara há também outros exemplos positivos, como a queima de biomassa para produção de energia elétrica e o reaproveitamento da vinhaça (resíduo da fabricação de açúcar) no cultivo da própria cana-de-açúcar. A vinhaça fornece água e nutriente.

A proteção dos mananciais utilizados para captação e tratamento de água é urgente. A arborização urbana de Araraquara que já foi exemplo, encontra-se prejudicada e também necessita de novo projeto com implantação de espécies arbóreas e arbustivas mais adaptadas e plantios

adequados, que permitam o desenvolvimento do caule sem infeções com fungos e ataques de cupins. A ocupação da orla ferroviária, por exemplo, é oportunidade única para melhorar o transporte urbano da cidade. Todas essas atividades necessitam dos profissionais de engenharia, agronomia e geologia.


Edgar Santa Rosa Esteves
Eng. Agrônomo e Jornalista

 

 Araraquara recebe Certificado Município VerdeAzul e sobe a 13º no ranking estadual

O Programa Município VerdeAzul (PMVA) é uma iniciativa Estadual coordenada pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Foi lançado em 2007 com o objetivo de medir e apoiar a eficiência da gestão ambiental nas cidades de São Paulo, auxiliando- as na elaboração de políticas públicas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do Estado.

As ações propostas pelo PMVA compõem as dez Diretivas norteadoras da agenda ambiental local, abrangendo os seguintes temas estratégicos: Município Sustentável, Estrutura e Educação Ambiental, Conselho Ambiental, Biodiversidade, Gestão das Águas, Qualidade do Ar, Uso do Solo, Arborização Urbana, Esgoto Tratado e Resíduos Sólidos. O Certificado Município VerdeAzul é concedido aos municípios que atingem a nota superior a 80 pontos e preenchem requisitos pré-definidos para cada ciclo, reconhecendo a boa gestão ambiental municipal e garantindo à prefeitura premiada a preferência na captação de recursos do Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição (Fecop).

Araraquara recebeu o Certificado Município VerdeAzul – Ciclo 2021 e subiu para a 13º posição geral no ranking estadual, entre 645 municípios, com nota 90,85. O prêmio é entregue anualmente pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado.

A cidade foi reconhecida e estamos entre as 20 melhores práticas de gestão ambiental do estado de São Paulo. Ficamos em 13º lugar. Quero agradecer, em nome do José Carlos Porsani, a toda a Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade e a todos os gestores municipais. É uma junção de esforços para que a Prefeitura receba esse certificado“, afirmou o Prefeito Edinho Silva, em transmissão pelas redes sociais.

Engenharia Sustentável e seus Dificultadores

A engenharia sustentável é um conceito antigo, ela tem como objetivo o uso de técnicas que leva em conta a preservação do meio ambiente. Em síntese, são utilizados alguns métodos desprezados pela engenharia convencional, como o uso de materiais sustentáveis. Suas maiores características são: uso de materiais que não agridam o meio ambiente ao serem descartados ou ter sido construído por resíduos de outros elementos.

O maior problema da implantação da engenharia sustentável é que muitos profissionais ainda não dão a importância devida para esse tema. Como é tão comum no mundo capitalista, o lucro vêm acima de tudo. Tendo em vista, que os materiais sustentáveis e os métodos utilizados durante a obra costumam ser mais caros, toda a preocupação com relação ao meio ambiente é deixada em segundo plano pelos investidores.

Além dos investidores, outro fator que dificulta a construção sustentável são os fabricantes de matéria- prima. Enquanto visam o lucro, também optam pela produção mais barata. Como resultado disso, agridem o meio ambiente, sem levar em consideração a reutilização do material descartado ou o uso consciente daquilo que é extraído da natureza.

Nesse atual cenário parece até impossível que haja uma solução para este problema. Todavia, começamos a caminhar lentamente em busca de ideias sustentáveis. Os primeiros modelos de construção modular começam a ser implementados, o marketing em cima das casas sustentáveis também ganha força ao redor do Brasil.

A importância da engenharia sustentável em períodos de crise ambiental

Se existe alguma dúvida sobre a importância da engenharia sustentável, basta ligar a TV por alguns minutos em algum telejornal ou abrir um site de notícias: Conferências da ONU, reuniões entre líderes mundiais, acordos entre governos, tudo para solucionar problemas ambientais que impactam cada bom dia abençoado mais nosso cotidiano.

No Brasil as queimadas na Amazônia são prova de que precisamos discutir sobre o meio ambiente com urgência. Mediante isso, a engenharia sustentável aparece como uma solução. Desde a construção das obras, passando pelo uso de matéria-prima sustentável e conceitos que diminuam o consumo de energia são exemplos de como preservar a natureza. No Brasil a Green Building Council (GBC) certifica construções (LEED) que utilizam o conceito de sustentabilidade.

O que é LEED e quais são seus requisitos?

O Leadership in Energy and Environmental Design ou LEED, é um sistema internacional de certificação e orientação ambiental para edificações utilizado em mais de 160 países, e possui o intuito de incentivar a transformação dos projetos, obra e operação das edificações, sempre com foco na sustentabilidade de suas atuações.

Para obter o certificado, é preciso atender a critérios como economia de água e luz, climatização adequada e boa qualidade do ar. Isso pode ser obtido com elevadores inteligentes, painéis solares e materiais mais modernos, por exemplo. Nos dez anos de atuação do GBC no País, mais de 1,2 mil projetos foram registrados, o quarto maior volume do mundo. Desse total, 393 foram certificados.

Como colocar a sustentabilidade em prática?

No que diz respeito a parte prática, a sustentabilidade pode aparecer em três momentos diferentes da sua obra, seja na mudança de hábitos durante a construção, no uso consciente de materiais ou ainda na criação de conceitos sustentáveis para que a casa ou edifício também seja sustentável no futuro.

Ainda durante a construção da obra existem muitos pontos que podem ser melhorados a fim de garantir a preservação ambiental. O uso consciente da água é um ótimo exemplo. Em muitos locais os profissionais responsáveis pela construção acabam utilizando água sem nenhuma responsabilidade.

Diversos estudos apontam que hábitos simples como a reutilização da água para limpeza de equipamentos pode diminuir consideravelmente o consumo. Ainda sobre a água, é importante sempre verificar se todo o encanamento está instalado da forma correta, evitando vazamentos e se os registros e torneiras estão fechados ao deixar o local. Além da água, outro recurso que pode ser economizado é a energia. Assim como no exemplo anterior, parte da conscientização dos profissionais que estão realizando a obra. A diminuição do consumo de energia também é uma atitude sustentável.

O uso de materiais sustentáveis, produzidos de resíduos ou reciclados também torna sua obra mais sustentável e ainda sobre o uso dos materiais da obra, o descarte do material desperdiçado também merece atenção. Assim sendo, depositar esse “lixo” diretamente na natureza vai totalmente contra tudo aquilo que é pregado na engenharia sustentável.

Por fim as construções verdes são o maior ganho, pois, com pequenas alterações na obra tornam o local mais sustentável. Exemplo disso seria a instalação de placas para capitação e utilização de energia solar e a criação de áreas verdes no exterior da edificação. A construção também pode ser pensada para que o clima interno seja mais iluminado e arejado, diminuindo o consumo de energia consideravelmente.

A realidade da engenharia sustentável no Brasil

Engenharia sustentável, construção sustentável e sustentabilidade são termos que precisam estar em constante discussão na sociedade. Os impactos climáticos são evidentes e cabe a nós que vivemos neste planeta pensarmos em soluções para resolver o problema ambiental. Assim sendo, as técnicas e recursos discutidos neste texto são ótimas formas de preservar o meio ambiente e melhorar nossa qualidade de vida.

Estudo efetuado pela Green Building Council diz que construir de modo sustentável não é bom somente para a imagem das empresas, como também é financeiramente vantajoso. Seu diretor Felipe faria afirma: “As boas práticas reduzem substancialmente o risco para os investidores”. A saber que na cidade do Rio de Janeiro o valor de locação por metro quadrado chega a ser 24% maior em edifícios certificados. Já em São Paulo 10%. (fonte: isto é dinheiro)

Concluindo, as empresas e investidores começam a mudar seus olhares para a Engenharia sustentável tirando vantagem dela. Além de lucrar começam também a contribuir com o meio ambiente.

Fonte: https://www.engenharia.com.br/engenharia-sustentavel-e-seus-dificultadores/

 

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